18 de março de 2008

Jornal colombiano pede desculpas a Equador por foto

O jornal El Tiempo, da Colômbia, pediu desculpas ao Equador hoje pelo erro que cometeu ao publicar uma foto em que aparecem Raúl Reyes, líder guerrilheiro morto recentemente, e um homem que, segundo o jornal, era o ministro equatoriano da Segurança, Gustavo Larrea.

A publicação da foto em que Reyes, o número dois da guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), conversa com um homem em um acampamento rebelde na selva provocou protestos do governo do presidente do Equador, Rafael Correa.

"Este jornal falhou em seus procedimentos de checagem (uma coisa é uma pessoa parecida, outra coisa é se tratar da pessoa em questão) e falhou ao não atribuir claramente a informação à fonte, em vez de assumi-la como própria", disse o El Tiempo em seu editorial, no qual afirmou que a foto foi entregue à redação pela Polícia Nacional.

"É um erro duplo que afeta a credibilidade do jornal e nos obriga a reforçar os mecanismos internos de verificação e controle para que isto não aconteça novamente. O erro nos leva a, por meio deste espaço, pedir desculpas ao ministro Gustavo Larrea e ao governo do Equador", acrescentou o jornal.

O El Tiempo admitiu que a pessoa na foto era, na verdade, o dirigente do Partido Comunista argentino, Patricio Etchegaray, que confirmou o encontro com Reyes.

O próprio Larrea avisou que o Equador não vai restabelecer relações diplomáticas com a Colômbia enquanto Bogotá continuar com uma suposta campanha midiática que vincula seu país às Farc.

Os dois países atravessam uma crise diplomática desde que, em 1o de março, as Forças Armadas da Colômbia bombardearam uma área de selva dentro do território do Equador, sem a autorização de Quito. No ataque, morreram Reyes e mais 23 rebeldes.

O Equador considerou o ataque um massacre que violou a sua soberania e, então, rompeu relações diplomáticas com a Colômbia, desencadeando uma crise a que se somaram a Nicarágua e a Venezuela. No meio da crise, o governo de Alvaro Uribe acusou Equador e Venezuela de apoiar as Farc, mantendo contato com a guerrilha. Correa e o presidente venezuelano, Hugo Chávez negaram a acusação.


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Interessante ver como os conflitos vão muito além da briga por territórios. A imprensa está cada vez mais influente, e com isso sua resposabilidade aumenta, já que ganhou proporções maiores.